terça-feira, março 21, 2006

CO-INCINERAÇÃO

A Comissão de Acompanhamento Ambiental (CAA) da Secil/Outão anunciou ontem que vai continuar atenta à gestão ambiental da cimenteira, remetendo para mais tarde nova tomada de posição caso a empresa decida equacionar a queima de resíduos industriais perigosos (RIP).

Em comunicado, a comissão diz ter sido informada a semana passada pela administração da Secil de que a empresa não foi contactada no sentido de se proceder à queima de RIP e que apenas tomou conhecimento dessa intenção do Governo pela comunicação social.

Segundo a CAA, a administração da Secil reiterou, também, o compromisso de avisar de imediato a comissão, caso venha a ponderar a queima de resíduos industriais perigosos na fábrica do Outão.

"A CAA estranha que o governo tivesse anunciado a realização de testes de queima de resíduos perigosos a breve prazo na cimenteira do Outão, sem ter consultado previamente a administração da empresa", refere o comunicado.

Apesar de se confessarem surpreendidos pela decisão do governo de anunciar a co-incineração de resíduos perigosos sem uma conversa prévia coma administração da Secil, os elementos que integram a comissão prometem continuar a desenvolver o seu trabalho no acompanhamento da queima de resíduos banais.

Fernando Cunha, da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal, uma das entidades que integram a CAA, adverte, no entanto, que os membros daquele órgão fiscalizador decidirão o que fazer, caso se verifique uma alteração das posições anteriormente manifestadas pela empresa cimenteira.

"Se a Secil decidir equacionar a queima de resíduos perigosos, nessa altura decidiremos o que fazer porque isso representa uma alteração das intenções da empresa", disse.

No que respeita à saída anunciada das três Juntas de Freguesia e da Câmara Municipal de Setúbal, Fernando Cunha escusou-se a fazer qualquer comentário, alegando que a autarquia já comunicou a intenção de sair, mas que a mesma "ainda não foi aprovada em acta pela Comissão de Acompanhamento Ambiental".

Além da previsível oposição de alguns membros da Comissão de Acompanhamento Ambiental, a administração da Secil e o governo terão ainda de enfrentar a oposição de muitos setubalenses que, entretanto, já reactivaram o Movimento de Cidadãos Pela Arrábida.

O movimento, que integra dezenas de personalidades locais de diversos quadrantes políticos e sociais, foi constituído no final da década de 90 para lutar contra a co-incineração de resíduos perigosos na cimenteira situada em pleno Parque Natural da Arrábida.

O ministro do Ambiente, Nunes Correia, anunciou no princípio do mês que os primeiros testes de co-incineração de resíduos industriais perigosos deveriam começar no prazo de três a seis meses nas cimenteiras de Souselas (Coimbra) e Outão (Setúbal).

De acordo com o ministro, que falava na apresentação de um novo relatório da comissão que estudou o destino final para os RIP, a co-incineração naqueles dois locais entrará em "velocidade de cruzeiro dentro de um ano".

Os ambientalistas consideram que a co-incineração só deverá ser a solução adoptada para cerca de 10 por cento dos resíduos perigosos, resultantes das operações de pré-tratamento efectuadas nos Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos (Cirver).

Segundo números da Quercus, a regeneração seria o destino a dar a 50 mil toneladas de óleos lubrificantes e a 15 mil toneladas de solventes, enquanto os Cirver tratariam 185 mil toneladas de RIP.

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