sexta-feira, março 31, 2006

CO-INCINERAÇÃO: ESCOLHA DE CIMENTEIRAS FOI UM PROCESSO NEBULOSO

O presidente do conselho regional do Centro da Ordem dos Médicos criticou quinta-feira à noite em Coimbra o processo de escolha dos locais para fazer a queima de resíduos perigosos, considerando-o "profundamente nebuloso".

"A selecção dos locais para fazer a co-incineração foi um processo profundamente nebuloso. Afinal, nunca foram explicadas as verdadeiras razões para es colher Souselas e o Outão. Houve claramente uma decisão política", frisou José Manuel Silva num colóquio/debate sobre "Saúde e Gestão de Resíduos", no auditório da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

Ao intervirem na sessão, os representantes das cimenteiras Cimpor e Secil afirmaram que as respectivas empresas não foram contactadas pelo governo no processo de escolha das unidades de Souselas e Outão para fazer a co-incineração de resíduos industriais perigosos.

"Não fomos contactados pelo governo relativamente a este processo, que estamos convencidos que é seguro. Quando formos, na altura, tomaremos a posição que acharmos correcta", afirmou Carlos Abreu, da Secil, enquanto Teresa Murta Martins, da Cimpor, garantiu igualmente que esta cimenteira não foi auscultada pelo executivo.

Ao encerrar a iniciativa, em que desempenhou a função de moderador, José Manuel Silva manifestou perplexidade por o governo ter "imposto a co-incineração às cimenteiras sem as ouvir".

Esta foi uma das questões levantadas durante o debate, assim como os primeiros dados do estudo epidemiológico SaúdeCentro 2005, que revelou uma prevalência superior de certas patologias em Souselas e Maceira.

"O estudo epidemiológico, feito com uma amostra enorme, é completamente alarmante", salientou, na assistência, uma médica, enquanto Carlos Abreu se insurgiu por os primeiros dados terem sido revelados na Internet antes da conclusão do trabalho.

"É um assunto tão delicado que não se pode assustar as populações", argumentou o quadro da Secil.

Após críticas dirigidas à Cimpor pelo ambientalista João Gabriel Silva, acusando-a, nomeadamente, de "animosidade para com a população de Souselas, falta de transparência e pouca abertura", Teresa Murta Martins expressou a "total abertura" da empresa para criar uma comissão de acompanhamento da unidade instala da nesta freguesia de Coimbra.

Rui Berkemeier, da Quercus, outro dos oradores convidados, lamentou a extinção do Instituto de Resíduos, considerando que a medida "não faz sentido" e que o organismo dava visibilidade à problemática dos lixos.

Carlos Oliveira, da Cimpor, e António Morais, da Administração Regional de Saúde do Centro, foram outros dos oradores no colóquio/debate, que contou com uma assistência reduzida.

A iniciativa foi organizada pelo Conselho da Cidade de Coimbra e associações Pró Urbe e República do Direito.

Estou Statcounter