quinta-feira, fevereiro 28, 2008

RTP-Madeira 'condenada' por favorecer a… oposição

GOVERNO E PSD-M TÊM METADE DO TEMPO DA OPOSIÇÃO




A Entidade Reguladora para a Comunicação Social deverá tornar público em Março o trabalho de monitorização que efectuou sobre o sector de informação da RTP-Madeira, e os resultados prometem ser surpreendentes.

No dia em que Leonel Freitas, o director da RTP-M, vai prestar esclarecimentos na Assembleia Legislativa da Madeira, por solicitação do grupo parlamentar do PS, as dúvidas e suspeições dos deputados socialistas poderão ter um efeito 'boomerang', isto se o responsável pelo canal público de televisão na Madeira revelar o número de serviços e tempo de emissão por cada partido.

De acordo com os dados que apurámos, os partidos da oposição na Madeira têm nos programas de informação da RTP-M o dobro do tempo que é protagonizado pelos membros do Governo Regional e mesmo pelos deputados ou outros responsáveis do partido da maioria (PSD-M).

Embora se admita como provável que Leonel Freitas não tenha necessidade de utilizar os dados da apertada estatística interna, disponível num circuito que é partilhado com Lisboa, a verdade é que os que contestam a isenção e pluralidade da RTP-Madeira poderão sofrer um grande revés quando a Entidade Reguladora para a Comunicação Social publicar o seu trabalho.

Nos últimos quatro meses do último ano, as iniciativas dos deputados, dirigentes e autarcas do PS preencheram mais do dobro do tempo protagonizado pelos representantes do PSD, com os socialistas a terem mais tempo do que os próprios membros do Governo Regional.

Conscientes de que nada têm a apontar ao pluralismo da RTP-M, bem como, de um modo geral, dos media madeirenses, a CDU é a que melhor utiliza a televisão para passar a sua mensagem, pois nos últimos dois meses as suas iniciativas de rua traduziram-se em reportagens televisivas que representaram o dobro do tempo do PSD e apenas menos 22% das reportagens suscitadas pelas iniciativas do presidente do Governo Regional e os restantes membros do seu executivo.

Liderado por Carlos Pereira, o deputado socialista que tem vindo a protagonizar severas críticas, por vezes entendidas como um julgamento de carácter dos responsáveis da RTP-Madeira, assumindo-se como o mais crítico em relação à orientação editorial em curso, o PS poderá ter um desaire se a Entidade Reguladora vier a condenar a RTP-M por esta o beneficiar. É que se, nos últimos três meses do ano, o PS já tinha tido mais 24% de tempo do que todos os membros do Governo Regional, nos primeiros meses deste ano voltou a beneficiar de mais minutos que Jardim e seus pares, situação difícil de explicar quando se sabe que o PS tem apenas 14,8% dos representantes na Assembleia Legislativa da Madeira.

Se bem que, na Madeira, muitos se queixem da RTP-Madeira, acusando os seus responsáveis de oferecerem aos madeirenses um 'Telejardim', a análise dos números prova exactamente o contrário. Basta para isso analisar os meses Dezembro e Janeiro para concluir que todos os partidos da oposição somam mais do dobro do tempo a que tiveram acesso os representantes do PSD e os membros do Governo Regional.

É neste contexto que os deputados da 1.ª Comissão, Política Geral e Juventude vão inquirir hoje o director da RTP-Madeira, sobretudo os insatisfeitos socialistas.

As figuras

Alberto João Jardim é um dos dirigentes políticos que mais vezes aparece na RTP-Madeira, na qualidade de presidente do Governo, mas longe do número de horas obtido por José Sócrates, o campeão dos telejornais em 2007, segundo dados do serviço Telenews da MediaMonitor revelados. É que o primeiro-ministro teve quase 51 horas de tempo de antena.

Com uma política de comunicação a três e quatro vozes - João Carlos Gouveia, Vítor Freitas, Carlos Pereira e Rui Caetano -, o PS tem requerido a presença dos jornalistas duas a três vezes por semana, surgindo o coordenador autárquico socialista como candidato ao lugar de… Jardim.

Fiel à sua estratégia, a CDU não deixa o trabalho de rua, e por isso despacha para as redacções entre 10 e 12 convites por mês, não havendo um fim-de-semana em que os comunistas não estejam no combate político com a cobertura garantida da RTP-M.

Num plano mais discreto, surgem BE, MPT, CDS-PP e PND que, por razões da sua agenda política, têm menos actividades e, como tal, dão azo a menos reportagens.

produÇão regional seis horas de emissão diária

Leonel Freitas não vai dar muitas justificações sobre as orientações editoriais, pois entende que as mesmas são claras e decorrem de uma única prioridade: privilegiar a informação regional no respeito pelo pluralismo e participação política.

O que os deputados poderão ficar a saber é que, com apenas 14 jornalistas, num quadro de uma centena de trabalhadores e meios exíguos, a RTP-M garante a produção e emissão de 6 horas diárias de programas regionais.

A informação tem no 'Bom Dia Madeira', 'Notícias' e no 'Telejornal' expressão, enquanto o desporto tem dois programas semanais: o 'Prolongamento' à segunda e o 'Estádio' ao domingo.

O debate político - o mais reivindicado pelos deputados socialistas - é garantido à terça-feira, como a emissão alternada do 'Primeiro Plano' e do 'Tem a Palavra'. O primeiro protagoniza entrevistas a políticos de diferentes quadrantes, o segundo oferece um debate quinzenal entre Maximiano Martins (PS) e Guilherme Silva (PSD).

Importante é o pluralismo garantido pelo 'Dossier de Imprensa' todas as quintas-feiras, já que é por de mais evidente que os jornalistas protagonizam análises e um olhar distinto da vida pública e política regional.

A RTP-M oferece à quarta um programa dedicada às temáticas sociais 'Uns e Outros' , bem como o 'Cenário Natural', à quinta surge, ainda, o 'Cine Parque' e à sexta o 'Culturalmente'. Ao sábado há o 'Atlântida' e o 'Irreverências', enquanto ao domingo vai para o ar o 'Passeio Público' e os 'Passeios da Natureza'. Diariamente é possível assistir ao 'Lado a Lado'.

Estou